sábado, 30 de outubro de 2010

Meditar à noite (OSHO)


Esteja sozinho, sente-se silenciosamente, olhe para a escuridão. Torne-se um com o escuro, desapareça nele. Olhe para as estrelas — sinta a distância, o silêncio, o vazio e use a noite para sua meditação.

Sentado na cama nada fazendo... apenas sentindo. Muitas pessoas estão completamente inconscientes das belezas da noite... e a noite é tremendamente bela. É a hora certa para a meditação.

Na psicologia da yoga dividimos a consciência humana em quatro estágios. Primeiro chamamos o estado desperto de consciência, a consciência do dia. Você trabalha, e você parece um pouco alerta.

E o segundo estado chamamos de consciência sonhadora. Você está adormecido, mas os sonhos estão passando como uma procissão. Toda a mente está em um tráfego intenso.

Então o terceiro estado chamamos de sono, quando os sonhos cessaram.

E o quarto, chamamos simplesmente de o quarto, mas está mais próximo do sono. É exatamente como o sono com apenas uma diferença, e essa é que a pessoa está alerta nele. É tão silencioso, tão profundo quanto o sono, com somente algo mais — que a pessoa está alerta.

No sono você está completamente inconsciente. No samadhi, o quarto estado, você está absolutamente silencioso, ainda assim cônscio. Assim, a noite no passado tem sido usada para a meditação.

O dia é muito mundano — a noite é muito espiritual. Portanto comece a usar cada vez mais a noite. Pouco a pouco você irá se sentir tão tremendamente em sintonia com a noite.

Pouco a pouco o mundo inteiro vai dormir. Tudo para — o tráfego cessa, o barulho cessa... o mundo mundano acaba. As pessoas — sua inconsciência, suas atitudes criminosas — tudo desapareceu no sono. A atmosfera está absolutamente limpa... nenhuma nota dissonante.

Dessa forma, apenas comece a desfrutar da beleza da noite e sinta mais e mais pela noite.
Osho, em "Dance Your Way to God"

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O coração é a coisa mais perigosa do mundo (OSHO)


O coração é a coisa mais perigosa do mundo. Toda cultura, toda civilização e toda pretensa religião separam a criança do seu coração. Ele é uma coisa muito perigosa. Tudo o que é perigoso vem do coração. A mente é mais segura, e com a mente você sabe onde está. Com o coração, ninguém sabe onde está. Com a mente, tudo é calculado, mapeado, medido. E você pode sentir a multidão sempre com você, à sua frente e atrás de você. Muitos estão se movendo nela; é uma auto-estrada — concreta, sólida e que lhe dá uma sensação de segurança. Com o coração, você está só, ninguém está com você. O medo o pega, o possui, toma conta de você. Para onde você está indo? Agora você não sabe mais, porque quando você se move numa estrada com a multidão, você sabe onde vai porque pensa que a multidão sabe. E todos estão na mesma posição; todos pensam: "Tanta gente andando, devem estar indo a algum lugar; de outro modo, porque tanta gente, milhões de pessoas se movendo? Devem estar se dirigindo a algum lugar". Todos pensam assim. Na verdade, a multidão não vai a lugar algum. Jamais alguma multidão chegou a meta alguma; a multidão continua a caminhar. Você nasce e se torna parte dela, e a multidão já estava caminhando antes de você nascer. E chega um dia em que você acaba, você morre, e a multidão continua a caminhar, porque sempre há gente nova nascendo. A multidão nunca chega a lugar algum — mas ela dá uma sensação de conforto. Você se sente aconchegado, rodeado de tantas pessoas mais sábias, mais velhas e mais experientes que você; elas devem saber para onde estão caminhando — e você se sente seguro. No momento em que você começa a cair para o coração... e é uma queda, como cair num abismo. Eis porque quando uma pessoa está apaixonada, dizemos que ficou caída de amor. É uma queda — a cabeça a vê como uma queda —, alguém se desviou, caiu. Quando você começa a cair em direção ao coração, você fica só; agora ninguém pode estar ali com você. Você, na sua solidão total, ficará temeroso e assustado. Agora não saberá para onde está indo, porque ninguém está ali e não há marcos de referência. Na verdade, não há um caminho sólido, concreto. O coração não está mapeado, medido, cartografado. Só haverá um tremendo medo. Todo o meu esforço é para ajudá-lo a não ter medo, porque somente através do coração é que você renascerá. Mas antes de renascer, você terá que morrer. Ninguém pode renascer antes de morrer. Logo, toda a mensagem do Sufismo, do Zen, do Hasidismo — todas essas são formas de Sufismo — é de como morrer. A base é a arte de morrer. Não estou ensinando outra coisa senão isto: como morrer. Se você morre, fica disponível a fontes infinitas de vida. Na verdade, você morre na sua forma presente; ela ficou estreita demais. Nela você apenas sobrevive — você não vive. A tremenda possibilidade da vida está completamente fechada, e você se sente confinado, preso. Você sente, em todas as partes, uma limitação, uma prisão. Uma parede, um paredão de pedra surge em cada lugar para onde você se dirige — uma parede. Todo meu esforço é de como quebrar essas paredes de pedra. E elas não são feitas de pedras, mas de pensamentos. E nada é mais rochoso do que um pensamento; eles são feitos de dogmas, de escrituras. Eles o cercam, e onde quer que vá, você os carrega junto. Você carrega sua prisão; ela está sempre pendurada à sua volta. Como rompê-la? A quebra das paredes parecerá uma morte para você. E é, de certo modo, porque sua identidade atual será perdida; você não será mais. Subitamente, uma outra coisa... Ela estava escondida dentro de você, mas você não estava alerta. De repente, uma descontinuidade. O velho já não é mais, e algo completamente novo entrou. Não se trata de uma continuidade com o seu passado, eis por que a chamamos de morte. Não é contínuo: existe um intervalo. E se você olhar para trás, não terá a sensação de que era real tudo aquilo que existia antes desta ressurreição. Não, parecerá como se fosse um sonho, ou como se você tivesse lido em algum lugar, uma ficção, ou como se alguém tivesse contado sua própria estória e que jamais fora sua — de uma outra pessoa. O velho desaparece completamente. Eis porque chamamos isso de morte. Um fenômeno absolutamente novo passa a existir, e lembre-se da palavra "absolutamente". Não é uma forma modificada do velho, não tem conexão alguma com o velho; trata-se de uma ressurreição. Mas a ressurreição só é possível quando você for capaz de morrer.
Osho, em "Antes Que Você Morra"

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um momento de tristeza me leva a recordar as palavras de Exupery... Sou como a raposa...



E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar? 
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. 
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E eu não tenho necessidade de ti.


- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
E tu não tens necessidade de mim.


Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia: 

- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.

E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...

A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe: 
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
Antoine de Saint Exupéry

O "outro" por quem você busca está no seu interior


YOUR DESIRE FOR THE OTHER... your longing that without the other, you will never be complete, IS ABSOLUTELY TRUE. And this is the insight of every human being; they are all right about this fact: that without the other you are not going to have a feeling of wholeness, of completion, of arriving home.

THIS FEELING IS ALL OVER THE WORLD. BUT WHY DOESN'T IT HAPPEN? Because man needs a new psychology to understand himself. The old psychology does not give him much understanding. The new psychology will be based on the experiences of a certain, most ancient school... TANTRA.

There are very few great discoveries in the world. TANTRA CAN CLAIM THE GREATEST DISCOVERY. Even after nuclear weapons, Tantra's discovery has been standing there for ten thousand years unused, an insight of such great value. The insight is that man and woman are not just one... man just man, woman just woman... no. They are both together: MAN IS HALF MAN AND HALF WOMAN, and the same is true about women.

And this seems to be very logical and very scientific, because EVERY CHILD IS BORN OUT OF A FATHER AND A MOTHER. The father contributes something, the mother contributes something, and that's how the child is a combination: A SYNTHESIS BETWEEN MAN AND WOMAN. If the child is a boy, then the man is on top and the woman is in the unconscious layers of the mind. If the child is a woman, then the woman is on top and the man is hidden just underneath.

And this is the great contribution of Tantra: that UNLESS THE MAN AND THE WOMAN INSIDE YOU BECOME ONE WHOLE, YOU WILL REMAIN DISCONTENTED -- with something always missing. And because you always look outside, you feel that feminine qualities are missing. You don't know that there is a world within you too. You know only one world, and that is outside you.

YOU START LOOKING ON THE OUTSIDE, finding a woman or a man who can make a certain organic whole, a unity in your life -- so that this constant gap, this something missing, this heavy incompleteness in your being will be removed. You go on looking for the woman outside, for men outside.

BUT NOBODY HAS EVER FOUND any woman outside, or any man outside, to fulfill the desire -- the longing to become one complete whole.

But the basic understanding is right, that SOMEHOW MAN AND WOMAN HAVE TO MERGE THEIR ENERGIES INTO ONE. Just one thing is missing: that miracle can happen only within you, it is not something outside. It is something that as you become silent and peaceful and joyous, as you enter deeper into meditative states, as your intelligence becomes more sharp, you will see: THE OTHER THAT YOU HAVE BEEN SEARCHING FOR IS WITHIN.

And there is no problem with the inner woman, with the inner man. ONCE YOU RECOGNIZE THEM, THEY START MELTING INTO EACH OTHER -- without any effort on your part. Just your recognition is enough to trigger the process of the merger.

But meanwhile, before you meet your inner woman or man, find a man or a woman. You will learn much, this is not going to be the end. ALL MEN ARE EXPERIMENTAL FOR WOMEN AND ALL WOMEN ARE EXPERIMENTAL FOR MEN. Experimenting with few relationships, you will be mature enough to recognize your own woman or your own man.

AND THAT DAY IS THE DAY OF GREAT CELEBRATION, because you are free from the other -- you have found the other within yourself. NOW THERE IS NO NEED TO BE DEPENDENT ON ANYONE. The man is free, the woman is free...

AND THIS DOES NOT MEAN THAT YOU CANNOT LOVE, that you cannot have friends on the outside. In fact, now you can very easily have very smooth-going relationships, very beautiful love affairs, BECAUSE IT IS NO LONGER A NECESSITY FOR YOU. As far as you are concerned, you are fulfilled. Now it is not a need so that you have to be dependent.

ONCE YOU CAN LIVE ALONE AND JOYOUSLY, you have entered into the world for the first time. Before it, you were only dreaming. Now you will be facing the reality. And the reality is just ecstasy. NOW YOU CAN LOVE, but love will have a totally different quality: it will simply be sharing -- because you have too much, an abundance, overflowing, and you would like to share it.

AND SHARING IS ALWAYS UNCONDITIONAL. You are not giving it as a deal, as a business. You are not giving it to get something in return... you are simply giving it because your hands are too full. If you don't give it, it will fall by itself.

Dê a volta por cima das rotinas da mente (Osho)


Sentindo-se triste? Dance ou vá tomar uma ducha e veja a tristeza desaparecer de seu corpo. Sinta como a água que bate em você leva junto a tristeza, da mesma forma que leva embora o suor e a poeira de seu corpo. Coloque sua mente em uma situação tal que ela não seja capaz de funcionar de maneira habitual. Qualquer coisa serve. Afinal, todas as técnicas que foram desenvolvidas ao longo dos séculos não passam de tentativas para distrair a mente e demovê-la dos velhos padrões. Por exemplo, se você estiver se sentindo irritado, inspire e expire profundamente durante apenas dois minutos e veja o que acontece com a sua raiva. Ao respirar profundamente, você terá confundido sua mente, pois ela não é capaz de correlacionar as duas coisas. "Desde quando", a mente começa a se perguntar, "alguém respira profundamente quando está com raiva? O que está acontecendo?" A dica é nunca se repetir. Caso contrário, se toda vez que se sentir triste você for para o chuveiro, a mente transformará isso num hábito. Após a terceira ou quarta vez, ela aprenderá: "Isso é algo permitido. Você está triste, então é por isso que está tomando uma ducha." Nesse caso, a ducha irá apenas transformar-se em parte de sua tristeza. Seja inovador, seja criativo. Continue confundindo a mente. Seu companheiro diz algo e você se sente irritado. Em vez de bater nele ou jogar alguma coisa em sua direção, mude o padrão do pensamento: dê-lhe um abraço e um beijo. Confunda-o também! De repente, você perceberá que a mente é um mecanismo e que ela se sente perdida com o que é novo. Abra a janela e deixe novos ventos entrarem.
Osho, em "Uma Farmácia Para a Alma"

sábado, 3 de julho de 2010

Criança Interior


A criança nunca morre em quem quer que seja. Ela não morre quando você cresce; a criança permanece. Tudo o que você foi, ainda está aí dentro. E assim permanecerá até seu último suspiro.
Nunca permita que sua criança morra. Alimente-a e não tenha medo de que ela fique fora de controle. Para onde ela poderá ir?

A porta está aberta...


Este problema de autoconhecimento foi resumidamente e metaforicamente declarado por Simone de Beauvoir. Ela diz, ‘É fácil dizer: Eu sou Eu. Mas, quem sou Eu? Onde encontrar a mim? Eu teria que estar do outro lado de todas as portas. Mas quando sou eu quem bate na porta, o outro, do outro lado, se torna silencioso. Para conhecer o ser, o ser deve estar em ambos os lados de uma mesma porta. Mas quando o ser que bate é o sujeito que conhece e está de um lado da porta, não há ninguém do outro lado da porta para abri-la. E quando existe um ser do outro lado, do lado do objeto que está sendo conhecido, para abrir a porta, não há ninguém do lado do sujeito que conhece para bater na porta! Então, o que se deve fazer?’
Entendeu? Se você é o sujeito que conhece, então quem estará ali para ser o objeto conhecido? E se você é o objeto conhecido, quem estará ali como sujeito para conhecer? Isto é o que Beauvoir quer dizer, que você tem que estar de ambos os lados da porta. Por exemplo, se você está batendo na porta e você é o único ali, não haverá ninguém do lado de dentro para responder à sua batida. Se você está do lado de dentro da porta e pronto para abri-la, então não haverá ninguém do lado de fora para bater nela. Você terá que estar em ambos os lados. Só assim haverá alguma comunicação e algum conhecimento.
Mas eu lhe digo: Olhe... Não existe nenhuma porta para bater e ninguém para bater nela. E mais, a porta está aberta. Ela tem estado aberta por todo o tempo, desde o começo. E não existe nenhum ser para ser conhecido e nenhum autoconhecimento. Conhecer, naturalmente, existe, mas nada como autoconhecimento.
Isto foi o que a grande mística Rabia disse para Hasan:
Hassan costumava orar todos os dias diante do mosteiro, sentando-se na rua. E ele chorava em prantos, olhava para o céu e dizia, ‘Deus, abra a porta! Eu tenho esperado há tanto tempo. Não foi o suficiente? Terei eu que passar por mais testes? Você ainda não me testou o suficiente? Abra a porta! Eu estou chorando. Eu estou em prantos. Eu estou gritando – abra a porta!’
Esta era a sua constante prece, toda manhã e toda tarde. Onde quer que estivesse, ele ia ao mosteiro, sentava-se na rua e orava.
Rabia estava passando um dia. Ela bateu na cabeça do Hassan e disse, ‘Que tolice você está falando? A porta está aberta! Mas você está tão absorvido em seus gritos ‘Abra a porta! Escute-me, Senhor. Por que você não abre a porta?’ Você está tão ocupado com essas tolices, que você não consegue ver que a porta está aberta. Ela sempre esteve aberta’.

É preciso ser corajoso para conhecer a si mesmo...


Um famoso ditado Sufi diz: aquele que conhece os outros, é erudito; aquele que conhece a si é sábio. Ser erudito é fácil, para ser sábio tem que ter vísceras, coragem. Por que? Por que no mundo é preciso ser corajoso para conhecer a si? Existem razões.
A primeira razão é: existe um medo de que se você mergulhar em si mesmo, poderá não encontrar alguém lá...E de certa maneira este medo está certo. Você não vai mesmo encontrar alguém lá. Esta apreensão está certa.
Se o Naresh entrar em si, não vai encontrar o Naresh lá. Se a Astha entrar em si, ela não vai encontrar Astha lá. O mesmo com a Sudha e com o Viyogi. Alguma coisa vai ser encontrada lá, mas é algo que não se define, é algo que não se expressa em palavras. E este algo não é sua posse; este algo é tanto seu quanto é de todo mundo.
Você encontrará algo, mas será o centro universal. Você não encontrará qualquer indivíduo lá, nenhum ego será encontrado. Por isto, o medo. Você irá desaparecer. No autoconhecimento você irá desaparecer completamente. Por isto as pessoas conversam a respeito dele, perguntam a respeito dele, lêm livros a respeito, mas nunca entram. Um medo inconsciente impede seu caminho.
E o homem moderno particularmente tem muito mais medo. O homem moderno é freqüentemente levado ao desespero porque ele tem medo de que o Ser não exista em definitivo ou que ele seja uma máquina nazista, um robot Skineriano, uma barata Kafkiana, um rinoceronte de Ionesco ou uma paixão inútil Sartreana. Todos esses medos explodiram na mente moderna.
Quem sabe? Quando você mergulhar em si, poderá encontrar a barata Kafkiana. Existe uma parábola de Kafka:
Certa manhã ele acordou e descobriu que era uma barata. Deve ser um sonho, ele deve ter acordado dentro de um sonho. E não era apenas isto, a barata estava de pernas para o ar, e ele conseguia ver aquelas pernas se movendo no ar, e ele não conseguia se virar para posição certa, ele estava de costas. E você pode imaginar... a miséria do homem, a agonia e a náusea. E ele tentava arduamente, mas parece que não havia jeito de se virar. Uma grande barata ocupando toda a cama.
O homem moderno tem ainda mais medo. Quem sabe no que você vai tropeçar quando mergulhar em si? Pesadelos, monstros... Quem sabe o que está lá dentro? Por que abrir a caixa de Pandora? Mantenha-a firmemente fechada e sente-se em cima. Isto é o que todo mundo está fazendo. E, sob certo sentido, o medo está certo – mas somente sob certo sentido.

Meditação é uma espera pelo desconhecido...


Meditação é simplesmente uma espera pelo desconhecido, pelo imprevisível, pelo incompreensível. E quanto mais pura for a espera, mais graça surgirá com a meditação. Sem pressa, sem desejos, sem expectativas, simplesmente espere e milhões de coisas acontecerão. Na verdade, as coisas que vão acontecer a um meditador são tão imensas que você não consegue concebê-las, nem em sonhos; elas estão além da capacidade da mente conceber.
Simplesmente espere e deixe as coisas acontecerem a você, não de acordo com você, mas de acordo com a própria existência. A existência não tem que estar de acordo com você; você é que tem que estar em sintonia com a existência, de acordo com ela. Esta é a única diferença entre o não-meditador e o meditador. O não-meditador sempre quer que a existência esteja de acordo com suas idéias, e naturalmente acaba caindo em estados miseráveis, porque a existência é muito grande e não consegue seguir as suas idéias, as suas preces, as suas expectativas, as suas exigências.
É verdadeiro o provérbio que diz: o homem propõe e Deus dispõe. Mas não existe Deus algum para dispor. Na verdade, na própria proposição, você já dispôs dela. Você criou um fracasso para si mesmo porque você queria o sucesso.
Assim, nada existe para se ter expectativa, para se desejar. A existência é tão abundante que se você simplesmente esperar, ela começará a derramar flores sobre você. Uma vida de espera, sem qualquer expectativa, é a única vida religiosa que eu conheço. (...)
A minha experiência é que cada novo dia nos presenteia tanto que, quando penso retrospectivamente, não consigo conceber que eu pudesse ter tido tal expectativa. E ela sempre presenteia em abundância. A existência é muito compassiva e compartilha muito, mas apenas com aqueles que não exigem. A ausência de desejo é a base de todo grande acontecimento.
Sagaram, simplesmente espere em confiança e tudo que a existência tem lhe será revelado. (...)
É melhor não pedir coisa alguma, senão sempre haverá frustração.
Não peça e você será atendido.
Simplesmente confie silenciosamente e espere. Milagres estão sempre acontecendo para os meditadores. E o maior dos milagres é a revelação do mistério de si mesmo.
Você está indo muito bem, no caminho certo. E cuidado com sua mente, pois ela tentará perturbá-lo, distraí-lo e criar dúvidas.
Basta colocá-la de lado. Este grande caso nada tem a ver com a mente.

OSHO – The Invitation – Disc n° 3 – pergunta n° 3

Não pergunte como viver: VIVA!


Uma pessoa realmente rebelde é aquela que não está nem a favor nem contra a sociedade, é aquela que vive a sua vida de acordo com seu próprio entendimento. Se esse entendimento está contra ou a favor da sociedade, não importa, é irrelevante. Às vezes pode estar de acordo com a sociedade, às vezes pode não estar, mas este não é o ponto a ser considerado. Essa pessoa vive conforme a sua própria compreensão, conforme sua pequena luz. E não estou dizendo que com isso ela se torna muito egoísta. Não, essa pessoa é humilde. Sabe que sua luz é pequena, mas essa é toda a luz que possui. Ela não é inflexível, é muito humilde. Diz: ‘Posso estar errada, mas, por favor, permita-me estar errada de acordo comigo mesma.’
Esta é a única maneira de aprender. Cometer erros é a única maneira de aprender. Mover-se de acordo com a própria compreensão é a única maneira de crescer e tornar-se maduro. Se você estiver sempre procurando alguém que lhe diga o que fazer, obedecer ou desobedecer não fará muita diferença. Se estiver procurando por uma pessoa que lhe diga para decidira favor ou contra, nunca será capaz de saber o que é a vida. Ela tem que ser vivida e você terá que seguir a sua pequena luz.
Não é sempre que se tem certeza do que fazer. Se você está muito confuso, não se sinta mal com isso. Mas encontre uma maneira de sair da sua confusão. É muito fácil e barato ouvir os outros porque eles podem transmitir-lhe dogmas mortos, podem dar-lhe alguns mandamentos, faça isto, não faça aquilo. E eles estão muito certos dos seus mandamentos. Não é a certeza que deve ser buscada, mas sim a compreensão. Se você buscar a certeza, cairá em alguma armadilha. Não busque a certeza, busque a compreensão. A certeza, qualquer um pode dar-lhe. Mas na análise final você será um perdedor. Perderá sua vida só para estar seguro e certo. Mas a vida não é certa nem é segura.
Vida é insegurança. Cada momento é um mover-se para uma insegurança cada vez maior. É um jogo. Nunca se sabe o que vai acontecer. E é belo que não se saiba. Se fosse previsível não valeria a pena viver. Se tudo fosse como gostaríamos, se tivéssemos certeza de tudo, não seríamos absolutamente homens, seríamos máquinas. Somente para as máquinas tudo é certo e seguro.
O homem vive em liberdade. A liberdade necessita de insegurança e incerteza. Um verdadeiro homem de inteligência está sempre hesitante porque não tem nenhum dogma no qual se apoiar. Ele tem que olhar e responder *.
Lao Tzu diz: ‘Eu hesito e ando alerta na vida porque não sei o que vai acontecer. E não sigo nenhum princípio. Tenho que decidir a cada momento. Nunca decido de antemão. Tenho que decidir quando o momento chega.’
Então, é preciso estar pronto para responder. Isto é responsabilidade. Responsabilidade não é uma obrigação, não é um dever – é a capacidade de responder. Um homem que quer saber o que é a vida tem que ser responsivo. Este homem não está existindo. Séculos de condicionamento fizeram de você uma máquina. Você perdeu a humanidade, trocou-a pela segurança. Você tem segurança e conforto e tudo foi planejado pelos outros. E eles puseram tudo no mapa, mediram tudo. E tudo é absolutamente tolice, pois a vida não pode ser medida, é imensurável. E nenhum mapa é possível porque a vida é um fluxo constante. Tudo está mudando. Nada é permanente, exceto a mudança. Heráclito diz: ‘Não se pode pisar duas vezes no mesmo rio.’
E os caminhos da vida são tortuosos. Não são como os trilhos de uma estrada de ferro. Não, a vida não corre em trilhos. E essa é a sua beleza, a sua glória, a sua poesia, a sua música – é sempre uma surpresa.
Se você estiver buscando segurança e certeza, os seus olhos se fecharão. E cada vez vocêse surpreenderá menos, e perderá a capacidade de se maravilhar, terá perdido a religião. Religião é a abertura de um coração maravilhado, é a receptividade para o mistério que nos circunda.
Não busque segurança, não busque conselhos para viver a vida. As pessoas que me procuram e dizem, ‘Osho, como devemos viver nossas vidas?’, não estão interessadas em saber o que é a vida. Estão interessadas em estabelecer um padrão fixo. Estão mais interessadas em matar a vida do que em vivê-la. Querem que uma disciplina lhes seja imposta.
Existem, é claro, padres e políticos em todo o mundo, que estão prontos e sentados à sua espera. Procure-os e eles estarão preparados

para lhe impor suas disciplinas. Eles gostam do poder advindo da imposição de suas idéias sobre os outros.
Eu não estou aqui para isso. Estou aqui para ajudá-lo a tornar-se livre, inclusive de mim também. Quero ajudá-lo a livrar-se de mim. Meu sannyas é uma coisa muito paradoxal. Você se rende a mim para tornar-se livre. Eu o aceito e o inicio no sannyas para ajudá-lo a tornar-se absolutamente livre de todos os dogmas, de todas as escrituras, de todas as filosofias – e eu estou incluído nisto. O sannyas é tão paradoxal quanto a própria vida. E por isso é vivo.
Portanto, não pergunte a ninguém como viver a vida. A vida é tão preciosa! Viva-a. Não estou dizendo que você não cometerá erros; cometerá. Lembre-se apenas de uma coisa: não cometa o mesmo erro duas vezes. Só isso. Se puder encontrar um novo erro a cada dia, faça-o. Mas não repita erros, pois isso é uma tolice. Um homem que pode encontrar novos erros para cometer, cresce continuamente. Esta é a única maneira de aprender, é a única maneira de chegar à própria luz interior.”

OSHO – The Art of Dying – (extraído do Capítulo 1)

Não se esconda... (Osho)


A iluminação não é algo a ser alcançado, é algo a ser vivido.

Quando afirmo que alcancei a iluminação, quero dizer simplesmente que resolvi vivê-la. Só isso! E desde então a tenho vivido. É a decisão de não querer mais criar problemas - só isso. É a decisão de parar com toda essa besteira de criar problemas e encontrar soluções.

Toda essa baboseira é um jogo que você joga consigo mesmo - você se esconde e você mesmo procura, interpretando os dois papéis. E você sabe disso! É por isso que, quando falo disso, você ri.

Não estou falando de nada ridículo - você compreende. Está rindo de si mesmo. Observe-se rindo, veja seu sorriso - você compreende. Tem que ser assim porque é seu jogo: você se esconde e aguarda ser descoberto por si mesmo.

Pode se encontrar agora mesmo, porque é você que se esconde. É por isso que os mestres zen batem na cabeça das pessoas. Sempre que alguém diz: "Eu gostaria de ser um Buda", o mestre fica muito zangado. Pois a pessoa está dizendo bobagem. Ela é um Buda.

Se o Buda vem até mim e pergunta como ser um Buda, o que posso fazer? Bater-lhe na cabeça. "Quem você acha que está enganando? Você é um Buda."

Osho, em "A Música Mais Antiga do Universo"

Eu Sou


Onde quer que você esteja, relembre de si mesmo, que você é. Essa consciência de que você é deve tornar-se uma continuidade. Não seu nome, sua nacionalidade. Essas coisas são fúteis, absolutamente inúteis. Basta lembrar-se que: Eu sou. Isso não pode ser esquecido. Caminhando, sentado, comendo, falando, lembre-se de que: Eu sou.

Isso será muito difícil, bem árduo. No começo você continuará esquecendo: só haverá uns momentos quando você se sentirá iluminado, então isso desaparece. Mas não se sinta miserável; mesmo uns poucos momentos são muito. Continue, sempre quando você puder lembrar novamente segure o fio. Quando você esquecer, não se preocupe, lembre-se de novo, e aos poucos os intervalos diminuirão, os intervalos começarão a desaparecer, uma continuidade irá surgir.

E quando sua consciência se tornar contínua, você não precisa usar a mente. Assim não há nenhum planejamento, desse modo você age a partir de sua consciência, não a partir de sua mente. Portanto não há nenhuma necessidade de qualquer desculpa, nenhuma necessidade de dar qualquer explicação. Assim você é o que quer que você seja; não há nada para esconder. O que quer que você seja, você é. Você não pode fazer mais coisa alguma. Você só pode ficar num estado de contínua lembrança. Através dessa lembrança, dessa mentalidade, surge a autêntica religião, surge a autêntica moralidade.

Isso é o que os Hindus chamam de auto-lembrança, o que Buda chamou de mentalidade correta, o que Gurdjieff costumava chamar auto-relembrar, o que Krishnamurti chama de consciência. Essa é a parte mais substancial da meditação, lembrar-se que: Eu sou.

Você não precisa repeti-lo na mente, “Estou caminhando”. Se você repeti-lo, isso não é lembrança. Você precisa estar não verbalmente cônscio de que ‘Estou caminhando, estou comendo, estou falando, estou escutando’. O que quer que você faça, o ‘Eu’ interior não deve ser esquecido; isso deve permanecer.

Isso não é auto-consciência. Isso é consciência do eu. Auto-consciência é ego. Consciência do eu é asmita...pureza, somente estar cônscio de que ‘Eu sou’.

Geralmente, sua consciência está dirigida para o objeto. Você olha para mim: toda sua consciência se move na minha direção como uma flecha. Mas você está flechado em direção a mim. Auto-lembrança significa que você precisa ter uma dupla-flecha: um lado dela mostrando-se a mim, outro lado mostrando-se a você. Uma dupla-flecha é auto-lembrança.

Dicas de Osho


Você pergunta pelos meus dez mandamentos. Isso é muito difícil, porque eu sou contra qualquer tipo de mandamento. Todavia, só pela brincadeira, eu estabeleço o que se segue:
1 - Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham de dentro.
2 - O único Deus é a própria vida.
3 - A verdade está dentro, não a procure em nenhum outro lugar.
4 - O amor é a oração.
5 - O vazio é a porta para a verdade, é o meio, o fim e a realização.
6 - A vida é aqui e agora.
7 - Viva completamente acordado.
8 - Não nade, flutue.
9 - Morra a cada momento para que você possa se renovar a cada momento.
10 - Pare de buscar. O que é, é: pare e veja.

Osho, em "A Cup of Tea"

Confie na vida (Osho)


Não desperdice a sua vida com aquilo que lhe vai ser tirado. Confie na vida. Se você confiar, só então, será capaz de abandonar o seu conhecimento, só então, poderá colocar de lado a sua mente. E com a confiança, algo imenso tem início. Esta vida deixa de ser uma vida comum, torna-se plena de Deus, transbordante.

Quando o coração se torna inocente e as paredes desaparecem, você fica ligado ao infinito. E você não terá sido enganado; não existirá nada que lhe possa ser tomado. Aquilo que pode ser tirado de você, não vale a pena guardar; e aquilo que não há como ser tirado de você, por que haveria alguém de ter medo que lhe seja tirado? -- não pode ser levado, não há possibilidade. Você não pode perder o seu tesouro verdadeiro.

Osho The Sun Rises in the Evening Chapter 9

Voltando para dentro de si... OSHO


Quando se volta para dentro de si, você não deixa pegadas que possam ser seguidas por alguém.

Isso é impossível, já que o território interior de cada pessoa é tão diferente que nem as pegadas de Buda o ajudariam a seguir - se você seguir as pegadas de Buda literalmente, nunca encontrará a si mesmo.

O mapa de Jesus não vai ajudá-lo. Você não pode segui-lo literalmente. Ele pode ajudar você de maneira indireta; pode conscientizá-lo de certas coisas interiores, mas num sentido muito vago; pode lhe dar a confiança de que: "Sim, sem dúvida há um mundo interior, porque tanta gente não pode estar mentindo. Buda, Jesus, Zaratustra, Lao Tsé, Mahavira, Krishna, Maomé - esses indivíduos tão belos não podem estar mentindo. Não podem fazer parte de uma conspiração. Para quê? Eles nunca coexistiram - viveram em épocas diferentes, em países diferentes - e, no entanto, todos falam a mesma língua... "

Mas você não pode segui-los de maneira precisa, porque o território interior de Buda é diferente. Cada indivíduo é único, tanto que você têm de se descobrir sozinho - e para isso é preciso grande coragem.

Essa é a grande aventura da vida, e quem prossegue nessa aventura é abençoado.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sobre a existência...


A existência não pode ser indiferente a você: você é parte dela. Ser indiferente a você significaria ser indiferente a ela mesma, o que é impossível. A existência já teria desaparecido há muito tempo, se fosse assim.

Nós somos as suas ondas. Nós somos as flores dessa árvore de vida e existência. O seu desejo de ser amado e o seu desejo de amar é o seu desejo mais supremo. Ele mostra algo da sua natureza básica fundamental, ele representa o seu centro mais interno, ele representa isso.

Uma vez que você entenda o amor como Deus, toda a sua visão da vida irá mudar. Então você não irá venerar num templo ou numa igreja ou numa mesquita: então o amor será a sua veneração. E então você não terá medo da existência, porque ela cuida de você.

Cecília Meireles


Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar. Por que
havemos de ser unicamente
humanos, limitados em chorar?
Não encontro caminhos fáceis
de andar. Meu rosto vário
desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar.

Ame a si mesmo e observe - hoje, amanhã e sempre (Osho)



O amor é o alimento da alma. Assim como a comida é para o corpo, o amor é para a alma. Sem comida o corpo enfraquece, sem amor a alma enfraquece. E nenhum estado, nenhuma igreja e nenhum interesse investido jamais quiseram que as pessoas tivessem almas fortes porque uma pessoa com energia espiritual está fadada a ser rebelde.

O amor lhe faz rebelde, revolucionário. O amor lhe dá asas para voar alto. O amor lhe dá insight nas coisas, assim ninguém pode lhe enganar, lhe explorar, lhe oprimir.

Para lhe tornar espiritualmente fraco eles descobriram um método seguro, cem por cento garantido, e esse é ensinar a você a não amar a si mesmo – porque se um homem não pode amar a si mesmo ele também não pode amar mais ninguém. O ensinamento é muito ardiloso. Eles dizem: Ame os outros – porque eles sabem que se você não puder amar a si mesmo você não pode amar de maneira nenhuma. Mas eles continuam dizendo: Ame os outros, ame a humanidade, ame a Deus, ame a natureza, ame sua esposa, seu marido, seus filhos e seus pais, mas não ame a si mesmo, porque, segundo eles, amar a si mesmo é egoísta.

Eles condenam o amor-próprio mais do que qualquer outra coisa – e eles fizeram seu ensinamento parecer muito lógico. Eles dizem: Se você amar a si mesmo você se tornará um egoísta, se você amar a si mesmo você se tornará um narcisista. Isso não é verdade. Um homem que ama a si mesmo descobre que não existe nenhum ego nele. É amando os outros sem amar a si próprio, é tentando amar os outros que o ego surge.

O amor nada sabe de dever. Dever é um fardo, uma formalidade. Amor é uma alegria, um compartilhar; o amor é informal. O amante nunca sente que ele fez o bastante; o amante sempre acha que mais é possível. O amante nunca sente, ‘Eu favoreci o outro’. Pelo contrário, ele sente, ’Devido a que meu amor foi recebido, estou agradecido. O outro me favoreceu por receber meu presente, não o rejeitando’. O homem do dever pensa, ‘Sou mais elevado, espiritual, extraordinário. Vejam como eu sirvo as pessoas’!

Um homem que ama a si mesmo respeita a si mesmo e um homem que ama e respeita a si próprio respeita os outros também, porque ele sabe, ‘Assim como eu sou, os outros também são. Assim como gosto do amor, respeito, dignidade, os outros também gostam’. Ele se torna cônscio de que não somos diferentes, no que diz respeito ao essencial, nós somos um. Estamos debaixo da mesma lei: Es dhammo sanantano.

O homem que ama a si mesmo desfruta tanto do amor, se torna tão contente, que o amor começa a transbordar, começa a alcançar os outros. Tem que alcançar! Se você vive o amor, você começa a compartilhá-lo. Você não pode continuar a amar a si mesmo para sempre porque uma coisa ficará absolutamente clara para você: que se amando uma pessoa, você mesmo, é um êxtase tão tremendo e tão belo, tanto mais êxtase está esperando por você se você começar a compartilhar seu amor com muitas pessoas!

Lentamente as ondulações começam a se expandir cada vez mais longe. Você ama outras pessoas; então você começa a amar os animais, os pássaros, as árvores, as pedras. Você pode preencher todo o universo com o seu amor. Um simples indivíduo é suficiente para encher todo o universo com amor, assim como um simples seixo pode encher todo o lago de ondulações – um pequeno seixo.

O homem precisa se tornar um deus. A menos que o homem se torne um deus não poderá haver nenhum preenchimento, nenhum contentamento. Mas como é que você pode se tornar um deus? Seus sacerdotes dizem que você é um pecador. Seus sacerdotes dizem que você está condenado, que você está destinado a ir para o inferno. E eles lhe tornam muito temeroso de amar a si mesmo.

Eis porque as pessoas são tão eficientes em descobrir defeitos. Elas encontram defeitos em si mesmas – como é que elas podem evitar encontrar os mesmos defeitos nos outros? Na verdade, elas irão encontrá-los e irão engrandecê-los, irão torná-los tão grandes quanto possível. Esse parece ser o único meio de defesa; de alguma maneira, para salvar as aparências. Você precisa fazer isso. Eis porque existe tanta crítica e tanta falta de amor.

Digo que esse é um dos mais profundos sutras de Buda, e só uma pessoa desperta pode lhe dar um tal insight.

A pessoa que ama a si própria pode facilmente se tornar meditativa, porque meditação significa estar consigo mesmo.

Se você odeia a si mesmo – como você faz, como foi dito a você para fazer, e você tem seguido isso religiosamente – se você odeia a si próprio, como é que você pode ficar consigo mesmo? A meditação não é outra coisa senão desfrutar de sua bela solitude e celebrar a si próprio. Eis o que é toda a meditação. A meditação não é um relacionamento. O outro não é absolutamente necessário; somos suficientes para nós mesmos. Somos banhados em nossa própria glória, banhados em nossa própria luz. Estamos simplesmente alegres porque estamos vivos, porque somos.

O maior milagre do mundo é que você é e que eu sou. Ser é o maior milagre e a meditação abre as portas desse grande milagre. Mas só o homem que ama a si próprio pode meditar; do contrário você está sempre fugindo de si mesmo, evitando a si mesmo. Quem quer olhar para um rosto feio e quem quer penetrar num ser feio? Quem quer se aprofundar na própria lama, na própria escuridão? Quem vai querer entrar no inferno que pensam que estão? Você quer manter essa coisa toda coberta com lindas flores e você vai querer sempre fugir de si mesmo.

Desse modo as pessoas estão continuamente procurando companhia. Elas não podem ficar consigo mesmas; elas querem estar com os outros. As pessoas estão buscando qualquer tipo de companhia; se eles puderem evitar a companhia de si próprios qualquer coisa servirá. Eles se sentarão numa sala de cinema por três horas vendo alguma coisa totalmente estúpida. Eles irão ler uma novela de detetives por horas, desperdiçando seu tempo. Eles irão ler o mesmo jornal repetidamente apenas para ficarem ocupados. Eles irão jogar baralho e xadrez só para matar o tempo... Como se eles tivessem tempo de sobra!

O amor começa com você mesmo, assim ele pode se espalhar. Ele vai se espalhando a sua própria maneira; você não precisa fazer nada para espalhá-lo.

Ame a si mesmo... “Diz Buda. E então imediatamente ele “acrescenta:...”e observe”. Isso é Meditação, esse é o nome de Buda para a meditação. Mas a primeira condição é amar a si mesmo, e então observe. Se você não amar a si mesmo e começar a observar, você pode se sentir como que cometendo suicídio.

Sócrates diz: Conhece a ti mesmo, Buda diz: Ame a si mesmo. E Buda é muito mais verdadeiro porque a menos que você ame a si próprio você nunca conhecerá a si mesmo – conhecer só vem mais tarde, o amor prepara o terreno. Amar é a possibilidade de conhecer a si mesmo. O amor é a maneira certa de conhecer a si mesmo.

“Ame a si mesmo e observe… hoje amanhã, sempre”.

Crie energia ao redor de si mesmo. Ame seu corpo e ame sua mente. Ame todo seu mecanismo, todo seu organismo. Por amar significa: aceitar isso como isso é, não tente reprimir. Nós reprimimos somente quando odiamos alguma coisa, reprimimos somente quando somos contra alguma coisa. Não reprima porque se você reprimir como é que você vai observar? Não podemos fitar o inimigo olho no olho; podemos somente olhar nos olhos de nosso amado. Se você não for um amante de si mesmo você não será capaz de olhar nos seus próprios olhos, na sua própria face, na sua própria realidade.

Observar é meditação, o nome de Buda para a meditação. Observe diz Buda. Ele diz: Esteja cônscio, alerta, não fique inconsciente. Não se comporte como que dormindo. Não continue funcionando como uma máquina, como um robô. É assim que as pessoas estão vivendo.

Observe – apenas observe. Buda não diz o que deve ser observado – tudo! Caminhando, observe o seu caminhar. Comendo, observe o seu comer. Tomando banho, observe a água, a água fria caindo sobre você, o toque da água, a frieza, o arrepio que dá na sua espinha – observe tudo, “hoje, amanhã, sempre”.

Finalmente chega o momento quando você pode observar até mesmo seu sono. Esse é o máximo no observar. O corpo vai dormir e ainda fica um observador desperto, olhando silenciosamente o corpo profundamente adormecido. Isso é o máximo da observação. Agora mesmo exatamente o oposto é o caso: seu corpo está desperto, porém você está dormindo. Então você estará desperto e seu corpo estará dormindo. O corpo precisa de descanso, todavia sua consciência não necessita de nenhum sono. Sua consciência é consciência: isso é atenção, essa é sua própria natureza.

Quando você se torna mais alerta você começa a criar asas – então todo o céu lhe pertence. O homem é um encontro da terra com o céu, do corpo e da alma.



Osho, Extraído de: The Way of the Buddha: The Dhammapada

domingo, 31 de janeiro de 2010

Você é você! (Auto-aperfeiçoamento - OSHO)


Todo auto-aperfeiçoamento é um caminho para o inferno. Todos os esforços para fazer alguma coisa, algo a partir de você – algo ideal – irão criar uma loucura cada vez maior. Os ideais são a base de toda loucura, e toda a humanidade é neurótica devido a ideais demasiados.

Por não terem ideais, os animais não são neuróticos. Por não terem ideais, as árvores não são neuróticas. Elas não estão tentando se tornar algo diferente. Elas estão simplesmente desfrutando tudo o que elas são.

Você é você. Mas, em algum lugar, lá no fundo, você deseja se tornar alguém especial, um Buda ou um Jesus, e então você fica girando em um círculo que nunca termina. Perceba o ponto: você é você. E o todo, ou a existência, deseja que você seja você. É por isso que a existência o criou; se não, teria criado um modelo diferente. Ela quis que você estivesse aqui neste momento. Ela não quis que Jesus estivesse aqui em seu lugar. E a existência sabe melhor, o todo sempre sabe melhor do que a parte.

Assim, simplesmente aceite a si mesmo. Se você puder aceitar a si mesmo, aprenderá o maior segredo da vida e tudo o mais acontecerá por conta própria. Simplesmente seja você mesmo. Não há necessidade de se puxar para as alturas; não há necessidade de estar em uma altura diferente daquela em que você já está; não há necessidade de ter uma outra face. Simplesmente seja como você é, em profunda aceitação, e então acontecerá um florescimento e você se tornará cada vez mais você mesmo.

É isso que eu chamo de let-go. Let-go não é um esforço que você possa fazer. É uma compreensão de que eu sou eu e os outros são os outros, e é sem sentido tentar se tornar alguém diferente do que eu sou. Isso cria uma tensão na mente; isso cria preocupação.

Uma vez que você abandone a idéia de tornar-se alguém, não há mais tensão. De repente toda a tensão desaparece. Você está aqui, luminoso, neste momento, e nada mais resta a fazer, exceto celebrar e desfrutar.

A paz que trago em meu peito


A paz que trago hoje em meu peito é diferente da paz que eu sonhei um dia...

Quando se é jovem ou imaturo, imagina-se que ter paz é poder fazer o que se quer, repousar, ficar em silêncio e jamais enfrentar uma contradição ou uma decepção.

Todavia, o tempo vai nos mostrando que a paz é resultado do entendimento de algumas lições importantes que a vida nos oferece.

A paz está no dinamismo da vida, no trabalho, na esperança, na confiança, na fé...

Ter paz é ter a consciência tranqüila, é ter certeza de que se fez o melhor ou, pelo menos, tentou...

Ter paz é assumir responsabilidades e cumpri-las, é ter serenidade nos momentos mais difíceis da vida.

Ter paz é ter ouvidos que ouvem, olhos que vêem e boca que diz palavras que constroem.

Ter paz é ter um coração que ama...

Ter paz é brincar com as crianças, voar com os passarinhos, ouvir o riacho que desliza sobre as pedras e embala os ramos verdes que em suas água se espreguiçam...

Ter paz é não querer que os outros se modifiquem para nos agradar, é respeitar as opiniões contrárias, é esquecer as ofensas.

Ter paz é aprender com os próprios erros, é dizer não quando é não que se quer dizer...

Ter paz é ter coragem de chorar ou de sorrir quando se tem vontade...

É ter forças para voltar atrás, pedir perdão, refazer o caminho, agradecer...

Ter paz é admitir a própria imperfeição e reconhecer os medos, as fraquezas, as carências...

A paz que hoje trago em meu peito é a tranqüilidade de aceitar os outros como são, e a disposição para mudar as próprias imperfeições.

É a humildade para reconhecer que não sei tudo e aprender até com os insetos...

É a vontade de dividir o pouco que tenho e não me aprisionar ao que não possuo.

É melhorar o que está ao meu alcance, aceitar o que não pode ser mudado e ter lucidez para distinguir uma coisa da outra.

É admitir que nem sempre tenho razão e, mesmo que tenha, não brigar por ela.

A paz que hoje trago em meu peito é a confiança naquele que criou e governa o mundo...

A certeza da vida futura e a convicção de que receberei, das leis soberanas da vida, o que a elas tiver oferecido.

.....................

Às vezes, para manter a paz que hoje mora em teu peito, é preciso usar um poderoso aliado chamado silêncio.

Lembra-te de usar o silêncio quando ouvir palavras infelizes.

Quando alguém está irritado.

Quando a maledicência te procura.

Quando a ofensa te golpeia.

Quando alguém se encoleriza.

Quando a crítica te fere.

Quando escutas uma calúnia.

Quando a ignorância te acusa.

Quando o orgulho te humilha.

Quando a vaidade te provoca.

O silêncio é a gentileza do perdão que se cala e espera o tempo, por isso é uma poderosa ferramenta para construir e manter a paz.

A vida...


A vida é um fenômeno tão vasto; é impossível administrá-la. E se você realmente quiser administrá-la, você terá que reduzi-la ao mínimo; assim você pode administrá-la. Do contrário a vida é selvagem.
Ela é tão selvagem como essas nuvens e essa chuva e essa brisa e essas árvores e o céu.
(Osho)